Quando uma mulher vira mãe, ela entra em outra dimensão. Continua circulando por este mundo, conversando com as pessoas, indo ao supermercado e pagando contas. Para os desavisados, parece exatamente a mesma pessoa de sempre. Numa avaliação rápida e superficial, nem se nota que tudo mudou. No entanto, ela está agora, e para sempre, vivendo a partir de uma nova perspectiva. Seu cérebro funciona diferente, sua psique está adaptada para reconhecer e atender as necessidades de seu bebê, de tal modo que ela consegue se colocar em segundo plano até nas coisas mais básicas, como tomar banho e se alimentar com calma.

Uma mãe de bebezinho está exposta emocionalmente. Quase indefesa, no sentido de que suas forças estão todas direcionadas para cuidar e entender seu bebê, e não para se posicionar no mundo. Ela é alguém que tem necessidade de receber mais carinho, atenção e proteção, como se fosse um combustível extra, que ela repassa para seu bebê. Cuidar de uma mulher grávida, ou parindo, ou no período pós parto, é cuidar do bebê. Das futuras gerações. De um mundo melhor.

Esta condição é tão especial, e tão fácil de passar despercebida, que freqüentemente as mães não se sentem compreendidas nos meios sociais que participam. Elas não costumam receber elogios pela sua maternagem, nem mimos, como massagem nos pés, alguém que faça a feira para ela, lave a louça, ou a escute contar sobre suas descobertas diárias com seu bebê. É comum serem alvos de comentários que criticam seu jeito de cuidar de seu precioso bebê, ou de dicas e conselhos que nunca foram solicitados, ou histórias tristes de outras mães e bebês.

Por isso, freqüentar um círculo de mães é muito, muito benéfico. Mulheres com seus bebês. Todas vivendo a mesma experiência. Mulheres que se entendem e se apóiam, sem julgamentos. As conversas sobre cocô, cólicas, fraldas, sono do bebê, cansaço, gestos e sons fofinhos que seus bebês fizeram pela primeira vez, são sempre assuntos super interessantes. Temas que rendem horas de comentários e reflexões. Uma mãe, que jurava que determinada situação só acontecia com ela, descobre que várias outras passam ou já passaram pela mesma coisa, e já acharam até uma solução. Aliás, uma solução que pode ser  bem proveitosa, por sinal.

São mulheres cheias de prolactina e oxitocina, hormônios relacionados com sentimentos maternais e amorosos. São mães que tem compaixão umas pelas outras, que estão no auge da capacidade de acolher e amar. Elas dão gargalhadas juntas, cuidam dos bebês umas das outras, trocam confidências e desabafos, e se protegem. E mais, elas se divertem! Vão para casa mais tranqüilas, sentindo-se compreendidas e confortadas. Os bebês, que fazem parte do mesmo corpo emocional da mãe, sentem suas mamães em paz, e ficam bem.

Quando consideramos o contexto social na qual as recém-mães vivem, fica fácil perceber o oásis que encontros assim representam. As mães fazem yoga pós parto juntas, massagem em seus bebês, vão para parques, marcam encontros nas casas umas das outras, participam de grupos temáticos e/ou vivenciais sobre relação mãe/bebê, desenvolvimento dos pequenos, ou apoio aos sentimentos maternos.

Se você ainda não freqüenta um grupo assim, por que não participar? Ou quem sabe, junte algumas outras mães, e comece um! Logo logo o grupo aumenta, e vai ficando cada vez mais divertido, agradável e produtivo. Você descobre que pode ajudar outras mulheres, e que consegue cuidar muito bem de seu amado bebê, bem do seu jeitinho de ser mãe.

É possível, num certo sentido, ‘ensinar’ um filho a ser feliz. Quando você está satisfeita, e tem uma atitude positiva diante da vida, cria uma referência de felicidade, que seu filho aprende a usar como modelo. O primeiro ano de vida do seu bebê só acontece uma vez. Por outro lado, deixa marcas profundas em seu corpinho, personalidade, saúde… O colo que o bebezinho recebe, as palavras carinhosas que ouve, as necessidades atendidas, o olhar e sorriso da mãe, o aconchego de seu colo quentinho e amoroso… Tudo isso contribui para que o bebê construa sua segurança emocional, sua força e sua confiança, em si mesmo e na vida.

Por isso, seja você feliz, e aproveite seu tempo para curtir seu bebê. Um círculo de mães pode ajudar bastante nesse caminho.

Por: Talia Gevaerd de Souza


Psicóloga para gravidez, parto e pós parto
Instrutora de Yoga e Parto Ativo pré e pós natal
Doula
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