segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Empreendedorismo e a chegada do segundo filho

Faz um tempo que escrevo sobre fotografia de produtos para o site da Maternarum, um site todo voltado para a mãe que quer empreender, cheio de dicas e convites especiais. Agora passarei a falar lá também sobre a nossa rotina de trabalho e agora dois filhos, dicas, o que deu certo e o que não funcionou por aqui e as mudanças com o segundo filho.

Hoje falo sobre a chegada do Theo e o trabalho. Não é fácil, digo de primeira, mas sou muito feliz de ter escolhido esse caminho. 


"É muito bom saber que meus filhos crescerão vendo que trabalho não é apenas uma fonte de dinheiro, mas de amor e crescimento."




Conto tudinho: AQUI no site delicioso da Maternarum.



Para quem ainda não viu o vídeo lindo feito pela Maternarum que expressa o dia a dia de nós mães que optamos por empreender para ficar mais tempo com os filhotes. AQUI.


segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Alta taxa de bebês prematuros devido a cesariana - Gazeta do Povo


Fui assistir o Renascimento do parto com o Theo, chorei no cinema, fiquei com raiva, me emocionei, sorri, tenho muitas coisas pra falar sobre o filme e o assunto, mas como o pequeno está agitado e tem outro querendo brincar, fica aqui a matéria que participei e saiu hoje na Gazeta do Povo, sobre o número de bebês prematuros devido a alta taxa de cesáreas, o que é assustador e triste. Matérias como essa, o filme, a internet, bons profissionais da saúde e pequenos grupos ( que estão aumentando) ajudam para que se propague a informação, diminua os mitos e aumente o número de bebês mais saudáveis. Infelizmente muitas de nós somos desencorajadas a viver o parto e somos estimuladas a uma cesárea antes da hora. Existe muita informação manipulada que apenas favorece interesses de alguns profissionais e não a saúde de mães e bebês.


Veja a matéria: Brasil tem alta taxa de bebês prematuros - Gazeta do Povo


foto: Antônio More - fonte

Taxas de bebês prematuros na matéria da Gazeta:

fonte






1 Mês do Theo



Dia 17 de agosto completou 1 mês da chegada do Theo conosco, muita coisa aconteceu. Ele ja mudou muito. Algumas curiosidades e detalhes desse primeiro mês.
- parto normal, não passou pelas intervenções de aspiração e colírio no seu nascimento, alivio.
- nasceu com olhos verdes, ainda permanece, mas pelo histórico meu e do Nino que nascemos de olho claro e depois mudou imagino que logo fique castanho.
- é a cara do Nino quando bebê.
- ele mama bem, direitinho desde que nasceu, não tive nenhuma fissura no peito e dificuldade de amamentação, foi muio tranqüila.
- mama a hora que quer sempre.
- as vezes parece ansioso, mama muito rápido e fica meio desesperadinho e bravo, aí grita.
-sempre arrota . As vezes no meio da mamada vejo que e irritado, tiro ele, faço e arrotar e volta a mamar.
- fica no colo e no sling, no colo sempre, no sling quando esta de bom humor e na cama só durante noite, durante o dia reclama. Colo liberado.
-usa chupeta.
- Foi ao pediatra alopata e ao pediatra homeopata, pretendo tratar ele, com homeopatia, como o Nino.
- fazia cerca de uns 10 cocôs por, no fim do primeiro mês ficou 3 dias sem fazer. Ficou muito, muito nervoso, no quarto dia veio uma bomba que usou da cabeça aos pés.
-adora o banho e detesta sair, deve ser pelo frio terrível nessa cidade.
- me segue com os olhos o tempo todo quando está acordado. Faz isso com o Nino também.
-dia 17, exato 1 mês deu a primeira risadinha.
- passeou pouco, hibernamos, as saídas foram ao pediatra , mercado, parque fazer um piquenique ( em um lapso da cidade que resolveu fazer um sol) e foi ao cinema no dia em que fez um mês ver o Renascimento do parto.
- caiu o umbigo com 6 dias.
- ganhou uma música do pai com a ajuda da mãe, ainda inacabada.
- adora que eu coloque a mão no seu rosto.
- tem cólicas as vezes.
- cada noie que passa dorme melhor, mama, dorme geralmente em seguida, eu me seguro pra não conversar com ele nessa hora, se não resisto e falo,  ele desperta.
-ganha carinho e muita música do Nino
- se incomoda muito se estiver sujo.
- gosta de barulho, mas quando esta sensível acorda com qualquer som.
- detesta que eu fale ou faça qualquer outra coisa enquanto mama, quer exclusividade total.


Veio completar a nossa felicidade.

PARABÉNS PELO SEU PRIMEIRO MÊS MEU AMOR!



sexta-feira, 16 de agosto de 2013

A vida por aqui

Quase um mês se passou do dia do nascimento do Theo. Estou em namoro com a nova vida, curtindo cada minuto com o nosso pequenino, brincando bastante com o Nino, e feliz de agora ter os meus dois meninos. Mas como todo namoro, tem as horas difíceis. Com o frio de Curitiba tenho ficado muito tempo em casa, tenho dó de sair com o pequeno, e como os meninos nasceram no mesmo mês aconteceu exatamente igual quando o Nino nasceu. Esse ficar em casa é uma delícia, porém as vezes cansa e me sinto um pouco fora do mundo, fora das conversas, em um mundo à parte. Tem dias que é pijama o dia todo.
 Achei que ficaria um mês sem trabalhar também, nada, desde que voltei da maternidade tenho trabalhado constantemente, as minhas funções no estúdio que havia passado para o Edu nunca foram feitas por ele, e não posso nem culpá-lo, ele tem se esforçado para conseguir fazer as dele, resultado eu tenho que me virar nos 30.
O Theo tem vivido a base de colo, amor e leitinho, tinha esquecido como eles são gostosos nessa fase, amo olhar pra ele, amo quando ele fica hipnotizado comigo. Aqui se o Theo estiver no sling ou no colo ele dorme por horas durante o dia ( e o barulho pode ser ensurdecedor) na caminha ele chora com o mínimo click de barullho e vivemos assim , colados, nesse momento mesmo, para conseguir escrever, está ele aqui nos meus braços. Também sinto uma profunda ligação nos sentimentos minha com o pequeno, impressionante como o Theo fica nervoso se eu estiver assim e como muda se eu me acalmo.
Também passei pela culpa de não ser mais só do Nino. Senti saudades dele, chorei, me culpei por cada já vou que falei pra ele,  foi na segunda semana de vida do Theo, doía o peito de culpa, se antes eu falava espera um pouco de forma tranqüila e natural algumas vezes, com a culpa cada vez que falava parecia estar fazendo algo errado. Depois fui percebendo que eu sofria mais que ele e que estava me cobrando demais e foi mais fácil, e quando vejo o Nino apaixonado pelo irmão vejo que pra ele essa divisão de tempo não está assim tão difícil. 
O Nino esta feliz, vem toda hora cantar nana neném, pedir pra segurar o Theo, fazer biquinho pro irmão e solta várias:
- AHH boneco ( com voz fina como eu faço).
- Olha Theo para de chorar, o irmãozão chegou.
- Theo não chora, a mamãe esta aqui o irmão ta aqui.
- Theo eu amo você (o tempo todo).
Ele abraça, beija o Theo a toda hora, aperta. 
Por outro lado nos primeiros dias após a chegada do irmão fez xixi nas calças na madrugada ( já parou novamente), quis tomar banho de banheirinha ( a do Theo) e veio dormir no nosso quarto ( por conta do frio da cidade achei ótimo, estamos todos hibernando no meu quarto!). Não rolou um ciumão, mas percebo que ele sente que não é mais o bebê, e se antes ele tinha pavor da idéia de ser um bebê ( e respondia sempre: Eu sou grande), agora oscila em querer ser grande hora ser pequenininho. É o meu bebezão. 
Tenho aproveitado as sonecas do Theo e brincado com o Nino, ontem fizemos uma festa para os bichos de pelúcia, com bolo e brigadeiro (de mentirinha) e parabéns. E aperto muito ele nessas horas.
O Edu tem trabalhado bastante, e se na época do nascimento do Nino trabalhava em home office e me ajudava com tudo agora tenho sentido falta, o que é bom porque estamos tendo bastante trabalho, mas um pouco frustrante quando quero falar uma bobeira qualquer e não tenho a atenção do meu companheiro e amigo. E tenho precisado de atenção. Lendo Laura Gutman "A maternidade e o encontro com a própria sombra" me vejo e me encontro no termo "mãe- bebê", de repente é como se precisasse tanto de atenção e colo, as vezes nem me reconheço. Pode isso?

Porém me sinto mais tranquila com os cuidados com o Theo do que foi com o Nino, faz sim muita diferença a experiência de ser mãe de dois. é muito bom exercer a maternidade com mais tranquilidade, menos neuras, mais consciente e muito mais ligada nos instintos do que nos livros. aliás hoje não leria nenhum dos livros que li quando o Nino nasceu, teria sido mais tranqüilo apenas me conectar com o bebê, sem nenhum tipo de manual, mas naquele momento eu achava necessário.  

E assim esta nossa vida, desde o primeiro dia que chegamos da maternidade fico entre os cuidados com os meninos, correndo com o almoço, roupas para lavar e passar, brincadeiras, trabalho e filminhos com o Edu na madruga. Uma correria grande. Tem dias que é uma tranquilidade só, outros eu me descabelo e choro, por não dar conta de tudo como gostaria.

Mas uma coisa precisa ser dita, me sinto tão feliz e muito mais completa sendo agora mãe de dois. Esses dias lembrei que em uma prática de Yoga ( há uns 4 anos atrás) a professora falou: 

Mentalize o seu futuro, como gostaria?

Eu pensei em uma praia, um sol,  o Edu, eu e dois filhos, e cá estamos, todos juntos. Virou realidade. 

 Amor sem fim. 

 Só falta a praia. 






segunda-feira, 5 de agosto de 2013

O PARTO - Chegada do Theo


Durante a metade da gravidez em diante eu acordava na madrugada e olhava para o relógio 3:00 da manhã, era a hora de ir ao banheiro e voltar, numa dessas "acordadas" eu disse para o Edu, o Theo vai chegar as 3:00 da manhã, ele sempre me acorda essa hora.

Antes da chegada


Noite


Foram 30 horas e meia desde que começou o meu trabalho de parto, ele começou de mansinho, foi evoluindo aos poucos e curti cada minuto de tudo o que senti. Parir é mágico, eu não sabia, mas cada minuto de tudo aquilo é profundo e intenso, é transformador.

Começou na segunda dia 15/07, fui na massagem e enquanto a Suzana fazia a massagem eu falava sem parar, o Nino que estava de férias junto comigo brincava. Saímos de lá e eu comecei a sentir algo diferente. Fui pra casa e comecei a perceber contrações, ainda com uma dor extremamente leve ritmadas, estavam de 12 em 12 minutos.

A noite chegou, e a dor começou a aumentar um pouco, hora de falar com a doula?


A doula

Talia Gevaerd, esse é o nome do anjo que acompanhou a minha gestação e o meu trabalho de parto, se um dia fiquei na dúvida se iria ter uma doula, hoje sei que foi extremamente importante para que eu conseguisse curtir e me entregar ao parto e viver tudo o que passei. Sim, pra mim o trabalho, o carinho e a atenção da Talia foram imprescindíveis para o que vivi.

Mandei uma mensagem as 22:38:

"Estou tendo um desconforto, que esta dando com uma frequencia, é como uma dor de barriga que vai e passa, não tenho idéia se isso pode ser trabalho de parto, pode ser?"

Um pouco depois tive um sangramento. Tremia. Tive medo , muito medo, o medo de uma ruptura uterina passou inúmeras vezes na minha cabeça durante a gravidez, e agora esse sangue? tinha medo de não conseguir, medo pelo Nino, medo de dar algo errado. Queria parir em casa, mas o medo sempre ali. Passei a gravidez com muitos medos...era hora de superá-los, hora de enfrentar?

O médico me orientou e me tranquilizou.

O médico.

Cecílio Toniolo Neto , vale registrar que foi a melhor escolha que eu poderia ter feito, um médico humano, um médico de verdade, visitei muitos médicos por formação e encontrei poucos com tamanho comprometimento e dedicação à profissão. Respeito a mulher, ao bebê e a família. Agradeço por ter o Cecílio conosco no nascimento do Theo.

Fomos dormir. Eu não dormi, estava ansiosa, excitada com a possibilidade de ver a carinha do Theo logo.

Eu nunca gostei de jogos eletrônicos, três dias antes me rendi ao Candy Crush, e foi com ele que passei a noite, foi providencial. Jogava pra relaxar, sentindo cada contração e marcando o tempo, cada hora que passava ficavam mais próximas.

Dia raiando



As 6:00 da manhã as contrações estavam de 4 em 4 minutos. Liguei pra Talia e pedi pra ela vir. Ela chegou na minha casa, calma, sorrindo e falou pra descansar, já que não havia dormido a noite toda, me poupar, poderia ser próximo, mas poderia ser longo também, e foi o que fiz. Relutando um pouco dormi exausta. Acordava as vezes entre uma contração e outra, a dor aumentava.

Nesse meio tempo o Edu continuou a rotina da casa e entre problemas de telefonia, diarista, barulho dos pedreiros da casa ao lado as contrações espaçaram mais. Não estava conseguindo relaxar, me entregar.

Dia lindo de sol

Saimos para almoçar, entre uma garfada e outra vinha ela, a amiga dor, falava da dor assim , ria cada vez que ela vinha lembrando uma amiga que me dizia que a dor era amiga, mas amiga da onça, ria muito e ainda conversava sem parar entre uma contração e outra. Ainda era razão.



Nino brincava e se divertia, tomou suco de uva, se lambuzou todo e falava, como a  mãe, sem parar.

Tarde fora do relógio





A tarde passou de forma deliciosa, passamos uma tarde agradável, linda, o Nino presente, brincando de montar o tempo todo, e nós todos em volta da brincadeira dele, fizemos lanchinho com pão de queijo e brigadeiro de colher, parecia um dia fora do tempo, onde não tinha trabalho, nem um mundo lá fora, era apenas nós. Muita brincadeira, conversa, abraço e carinho do Nino.



O Nino
Meu primeiro grande amor, razão da minha maior felicidade, foi tão importante contar com aquele sorriso, aquela pureza, aquela alegria naquele momento. Tive medo, queria deixá-lo bem, não queria que sentisse a nossa falta, queria vê-lo curtindo também essa chegada. E foi assim. 



Finalizamos nessa tarde as lembrancinhas do Theo, Nino "roubou" vários chocolatinhos, hoje podia, afinal era dia de festa, dia de chegada!


ATalia me ajudando com massagem , algumas horas com florais, outras apenas me pedindo para pensar na  minha respiração. Eu estava adorando conseguir lidar com aquela dor, com aquele sentimento, deixando fluir a magia do momento, o carinho e o aconchego que sentia. Conseguia aceitar a dor e sabia que logo o Theo chegaria. Respeito pelo momento.

Noite



Um passeio até a maternidade

Eram 19:00 e a dor começou a aumentar, senti necessidade de ir checar minha dilatação no hospital, sempre disse que ficaria o máximo do tempo em casa, mas tenho uma necessidade de controle, sempre, e ela me pedia pra eu ver a que pé andava as coisas.

Fui na maternidade. Doía. O médico de plantão queria me internar, mas o meu médico pediu pra eu voltar pra casa, ele sabia que eu queria chegar na hora. Pediu pra eu voltar e tomar um bom banho e voltar depois de umas 2 horas.

E foi o que fizemos.

Chegamos em casa, a Aline , uma amiga querida, veio pra minha casa, me senti segura em não tirar o Nino de casa, deixá-lo dormir no canto dele e ela se propôs a ficar em casa com ele, me deu um alívio. Queria ficar com ele até a  hora de ir. Pensei nele em cada momento do dia e em muitos momentos do trabalho de parto em que ainda viria. queria ele bem, ele feliz, ele tranquilo. Ele ficou, brincou por horas e se divertiu com ela e com o Allan, ele sempre se deu muito bem com ela. Queria ela aqui. E ver ele bem me tranquilizou. Muito a agradecer por esses dois grandes amigos que largaram seus trabalhos, sua  casa e conforto para estar conosco nessa hora.


 Queríamos ele conosco no primeiro minuto possível após o parto. Fizemos tudo para que não fosse gerada ansiedade na família, no dia do nascimento do Nino, todos estavam tão agitados, não queríamos essa ansiedade dessa vez, queríamos contar apenas que nosso bebê nasceu, sem expectativas, sem cobranças, apenas como a natureza fosse nos levando, deixamos para contar a todos depois que o Theo chegasse ( nem todos entenderam essa decisão, mas era forte pra gente, importante). Era o nascimento do nosso filho, uma vida chegando. E era também o meu parto que queria viver. Pra mim e pro Edu todo esse ritual anterior era importante, fazia sentido.

o Edu
O Edu se preparou comigo, planejou e vivenciou cada minuto do parto, me ajudando, me tranquilizando, me acariciando, me cuidando, hora me irritando também ( como não, se não não seria eu e o Edu.)
Um grande parceiro, um amigo, um amor, um homem de verdade, que vibrou com tudo que presenciou.


A bola de pilates 

Voltamos da maternidade, peguei a bola de pilates, ah a bola, achava tanta besteira o uso dela, pra que? sinta uma contração lá no fundo, sente nela e jogue uma ducha nas costas, e saberá que ele tem seu valor.



 Foi um tempo que não sei mensurar, fiquei no chuveiro, sentindo as dores e a cada minuto a certeza de que estava mais próximo, chegando a hora, a água escorria, a mente se esvaziava e eu começava a enxergar o que não conseguia ver, era só aquele momento, único, vivo, longe, próximo, era um momento de descoberta, prazer e dor, queria tanto viver aquilo, satisfação e gratidão por tudo o que sentia.

Pedi pra ver o Nino, tinha medo, estava vivendo uma viagem, a um desconhecido, lá dentro, talvez o mais fundo que pude chegar de mim, um campo jamais atravessado, era mágico, um pouco assustador e muito feliz, eu estava sentindo, sentindo ondas de amor e dor, transcendendo.



Ligação. Era meu médico. Pedindo pra eu voltar, estava no hospital me esperando. Dei um beijo longo no Nino e me perguntei porque não fiz em casa, perto dele, mas eu precisava ir, tinha optado pelo hospital.


após o banho. Hora de ir

Pausa na escada antes de ir. A dor.

Chegando a hora


No caminho lembrei aos dois o que eu queria e eu não queria, se precisasse da anestesia ok, não queria antes, mas tinha medo que o Edu não deixasse (porque em algum momento tinha falado pra ele não deixar), queria decidir. Postei no blog a contagem progressiva antes do parto, foi nessa hora.

Fomos para o quarto, a dor apertou bastante, o Edu tenso começou a arrumar as coisas, sempre que ele fica tenso ele arruma algo, preferencialmente enrola fios, como lá não tinha fios, arrumava o quarto, eu sabia que ele estava tenso, pedi pra ele parar, não queria arrumação.

Essa hora doía muito. ele me lembrou da minha seleção de músicas para o parto, como eu queria, preparei tudo, eram 8 musicas que eu carinhosamente havia escolhido prara a chegada do Theo. Eu parei enfim de falar, não conseguia pensar, não queria mais música, não queria som.

E  a bola, cocorar, sentar, ficar em quatro apoios? nada, eu não queria mais nada, nem carinhos, nem sugestões, nada funcionava mais. Queria silencio. E foi um lindo silêncio. Os tres ficaram mudos, sentia uma força, sem falar nada parecíamos rezar, orar, nos conectávamos com o universo. Foi intenso, um silêncio forte e profundo.

Pensava no Nino, não lembrava , mas depois a Talia me relatou que nessa hora eu disse estar com saudades dele.

Até aqui lidei bem com a dor, respirava, vocalizava e utliizava mecanismos pra lidar com ela, contava até ela passar, respirava, pensava em todas as práticas das aulas de Yoga, mas foi aí, de um minuto pra outro que parei, deixei de controlar, algo me conrolou, a dor passou as barreiras e eu não conseguia mais.

A bolsa não havia rompido, achei que demoraria muito, não conseguia mais suportar aquela dor. Botei tudo pra fora, junto o medo, a razão. Meu corpo se abria, sentia abrir, sentia a força, uma força louca, eu não mandava em mais nada, saí do meu conforto, de todo o meu controle, eu não sabia lidar, mas queria muito tudo aquilo. Pedi um anestesia pra conseguir suportar. Decidi.

Antes fui novamente para o banho, contrações fortes, cara### , doía muito, o chuveiro estava queimado, água fria, dor, levei choque ao tentar esquentar, entrei em desespero, doía muito, pedia pro Edu arrumar, mas nada mais adiantava, era dor, era água fria, frio de inverno, choque. Queria sair dali, foram os minutos anteriores à minha ida ao centro cirúrgico.
Era a minha experiência, eu estava vivendo o que eu precisava viver, os meus limites, a minha dor.

Era eu, era sozinha, só eu. Tem uma hora que senti só, e um momento de tanto autoconhecimento e a certeza de que era meu, eu estava só, mas protegida com muito amor. 


Centro cirúrgico


Não estava nos meus planos. O meu plano era fazer o parto todo no quarto, mas também não estava resistente a idéia de ir pra lá, estava aberta as possibilidades, queria me permitir, sentir o momento. E foi assim.
Cheguei no centro cirúrgico, pedia desesperadamente a anestesia, eu agora queria, meus únicos gritos foram lá, estava cansada, foram tantas horas de sentimentos profundos e intensos. Eu queria ver o Theo. Estava entregue. sabia que agora saia do meu domínio, que daquela porta em diante não era mais eu quem comandava a situação.

Mas eu aceitei. Deitei, estava cansada e não encontrava mais posição. Queria receber o Theo.

Senti algo descendo, era a bolsa, saiu a ponta sem estourar, parecia um saco, era estranho, achei que era cabeça do Theo, pedi a anestesia novamente, estava com dilatação total. Tudo pronto.

Talvez não precisasse, mas eu quis, quis muito, e a anestesia chegou.

Sorri, senti um alívio, sentia as contrações mas a dor se foi.



Depois disso foi tudo muito rápido. Mesmo estando no Centro cirúrgico foi tudo muito humano, muito respeito,  o meu médico me falou e perguntou cada detalhe. Mesmo sendo um ambiente mais frio e impessoal me senti acolhida, o Edu, a Talia o tempo todo comigo.

O Nascimento


Senti cada pedacinho do corpinho do Theo vindo, foi lindo, uma alegria. Uma sensação plena, um amor inesgotável.




Consegui. Tinha conseguido o meu VBAC, tive medo de não conseguir muitas vezes,  me senti tão feliz por ter superado isso, parir após a minha cesárea, que me trouxe o meu primeiro amor , sentimento de alegria, gratidão, queria viver aquilo. Cada um da sua forma, com a sua história, dia 1o. de julho e 17 de julho foram os dias mais alegres da minha vida, a chegada dos meus meninos. O amor quando os nossos olhares se cruzaram foi o mesmo, mas eu sabia que eu precisava passar por essa experiência.




Muitas vezes senti por não ter podido pegar o Nino no primeiro momento, amamentado e acalentado ele na hora que ele saiu de mim. Aprendemos muito com o nosso primeiro grande amor, não seria igual.


O Theo veio direto pro meu peito, mamou na hora, é um menino forte, lindo, peguei nele no momento exato que nasceu e senti o amor pulsando na minha mão.



O Du cortou o cordão que pulsou por um tempo ainda ligado ao bebê, como planejamos.
O amor estava nos meus braços, um pedacinho de mim tinha chegado. Foi uma felicidade tão imensa. Ele chegou com 3.835 quilos, aquele corpinho escorregadio,  já me ensinando tanto.

Eram 3:00 da manhã.

Saímos de lá, o Theo não passou por todas as intervenções de rotina, o Edu não deixou como haviamos combinado, fomos para o quarto tão felizes, tão amor, queria dormir, acordar e esperar a chegada do Nino para enfim conhecer seu irmão.


Dormi abraçada. Me sentindo a pessoa mais completa do mundo.  Tudo ficou diferente. Agora somos 4.

De manhã o encontro. Foi lindo ver os irmãos. Amor demais.

Gratidão.










ps. Assim que eu conseguir editar trago um vídeo com um pouco desse dia lindo de sol.