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segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Alta taxa de bebês prematuros devido a cesariana - Gazeta do Povo


Fui assistir o Renascimento do parto com o Theo, chorei no cinema, fiquei com raiva, me emocionei, sorri, tenho muitas coisas pra falar sobre o filme e o assunto, mas como o pequeno está agitado e tem outro querendo brincar, fica aqui a matéria que participei e saiu hoje na Gazeta do Povo, sobre o número de bebês prematuros devido a alta taxa de cesáreas, o que é assustador e triste. Matérias como essa, o filme, a internet, bons profissionais da saúde e pequenos grupos ( que estão aumentando) ajudam para que se propague a informação, diminua os mitos e aumente o número de bebês mais saudáveis. Infelizmente muitas de nós somos desencorajadas a viver o parto e somos estimuladas a uma cesárea antes da hora. Existe muita informação manipulada que apenas favorece interesses de alguns profissionais e não a saúde de mães e bebês.


Veja a matéria: Brasil tem alta taxa de bebês prematuros - Gazeta do Povo


foto: Antônio More - fonte

Taxas de bebês prematuros na matéria da Gazeta:

fonte






segunda-feira, 5 de agosto de 2013

O PARTO - Chegada do Theo


Durante a metade da gravidez em diante eu acordava na madrugada e olhava para o relógio 3:00 da manhã, era a hora de ir ao banheiro e voltar, numa dessas "acordadas" eu disse para o Edu, o Theo vai chegar as 3:00 da manhã, ele sempre me acorda essa hora.

Antes da chegada


Noite


Foram 30 horas e meia desde que começou o meu trabalho de parto, ele começou de mansinho, foi evoluindo aos poucos e curti cada minuto de tudo o que senti. Parir é mágico, eu não sabia, mas cada minuto de tudo aquilo é profundo e intenso, é transformador.

Começou na segunda dia 15/07, fui na massagem e enquanto a Suzana fazia a massagem eu falava sem parar, o Nino que estava de férias junto comigo brincava. Saímos de lá e eu comecei a sentir algo diferente. Fui pra casa e comecei a perceber contrações, ainda com uma dor extremamente leve ritmadas, estavam de 12 em 12 minutos.

A noite chegou, e a dor começou a aumentar um pouco, hora de falar com a doula?


A doula

Talia Gevaerd, esse é o nome do anjo que acompanhou a minha gestação e o meu trabalho de parto, se um dia fiquei na dúvida se iria ter uma doula, hoje sei que foi extremamente importante para que eu conseguisse curtir e me entregar ao parto e viver tudo o que passei. Sim, pra mim o trabalho, o carinho e a atenção da Talia foram imprescindíveis para o que vivi.

Mandei uma mensagem as 22:38:

"Estou tendo um desconforto, que esta dando com uma frequencia, é como uma dor de barriga que vai e passa, não tenho idéia se isso pode ser trabalho de parto, pode ser?"

Um pouco depois tive um sangramento. Tremia. Tive medo , muito medo, o medo de uma ruptura uterina passou inúmeras vezes na minha cabeça durante a gravidez, e agora esse sangue? tinha medo de não conseguir, medo pelo Nino, medo de dar algo errado. Queria parir em casa, mas o medo sempre ali. Passei a gravidez com muitos medos...era hora de superá-los, hora de enfrentar?

O médico me orientou e me tranquilizou.

O médico.

Cecílio Toniolo Neto , vale registrar que foi a melhor escolha que eu poderia ter feito, um médico humano, um médico de verdade, visitei muitos médicos por formação e encontrei poucos com tamanho comprometimento e dedicação à profissão. Respeito a mulher, ao bebê e a família. Agradeço por ter o Cecílio conosco no nascimento do Theo.

Fomos dormir. Eu não dormi, estava ansiosa, excitada com a possibilidade de ver a carinha do Theo logo.

Eu nunca gostei de jogos eletrônicos, três dias antes me rendi ao Candy Crush, e foi com ele que passei a noite, foi providencial. Jogava pra relaxar, sentindo cada contração e marcando o tempo, cada hora que passava ficavam mais próximas.

Dia raiando



As 6:00 da manhã as contrações estavam de 4 em 4 minutos. Liguei pra Talia e pedi pra ela vir. Ela chegou na minha casa, calma, sorrindo e falou pra descansar, já que não havia dormido a noite toda, me poupar, poderia ser próximo, mas poderia ser longo também, e foi o que fiz. Relutando um pouco dormi exausta. Acordava as vezes entre uma contração e outra, a dor aumentava.

Nesse meio tempo o Edu continuou a rotina da casa e entre problemas de telefonia, diarista, barulho dos pedreiros da casa ao lado as contrações espaçaram mais. Não estava conseguindo relaxar, me entregar.

Dia lindo de sol

Saimos para almoçar, entre uma garfada e outra vinha ela, a amiga dor, falava da dor assim , ria cada vez que ela vinha lembrando uma amiga que me dizia que a dor era amiga, mas amiga da onça, ria muito e ainda conversava sem parar entre uma contração e outra. Ainda era razão.



Nino brincava e se divertia, tomou suco de uva, se lambuzou todo e falava, como a  mãe, sem parar.

Tarde fora do relógio





A tarde passou de forma deliciosa, passamos uma tarde agradável, linda, o Nino presente, brincando de montar o tempo todo, e nós todos em volta da brincadeira dele, fizemos lanchinho com pão de queijo e brigadeiro de colher, parecia um dia fora do tempo, onde não tinha trabalho, nem um mundo lá fora, era apenas nós. Muita brincadeira, conversa, abraço e carinho do Nino.



O Nino
Meu primeiro grande amor, razão da minha maior felicidade, foi tão importante contar com aquele sorriso, aquela pureza, aquela alegria naquele momento. Tive medo, queria deixá-lo bem, não queria que sentisse a nossa falta, queria vê-lo curtindo também essa chegada. E foi assim. 



Finalizamos nessa tarde as lembrancinhas do Theo, Nino "roubou" vários chocolatinhos, hoje podia, afinal era dia de festa, dia de chegada!


ATalia me ajudando com massagem , algumas horas com florais, outras apenas me pedindo para pensar na  minha respiração. Eu estava adorando conseguir lidar com aquela dor, com aquele sentimento, deixando fluir a magia do momento, o carinho e o aconchego que sentia. Conseguia aceitar a dor e sabia que logo o Theo chegaria. Respeito pelo momento.

Noite



Um passeio até a maternidade

Eram 19:00 e a dor começou a aumentar, senti necessidade de ir checar minha dilatação no hospital, sempre disse que ficaria o máximo do tempo em casa, mas tenho uma necessidade de controle, sempre, e ela me pedia pra eu ver a que pé andava as coisas.

Fui na maternidade. Doía. O médico de plantão queria me internar, mas o meu médico pediu pra eu voltar pra casa, ele sabia que eu queria chegar na hora. Pediu pra eu voltar e tomar um bom banho e voltar depois de umas 2 horas.

E foi o que fizemos.

Chegamos em casa, a Aline , uma amiga querida, veio pra minha casa, me senti segura em não tirar o Nino de casa, deixá-lo dormir no canto dele e ela se propôs a ficar em casa com ele, me deu um alívio. Queria ficar com ele até a  hora de ir. Pensei nele em cada momento do dia e em muitos momentos do trabalho de parto em que ainda viria. queria ele bem, ele feliz, ele tranquilo. Ele ficou, brincou por horas e se divertiu com ela e com o Allan, ele sempre se deu muito bem com ela. Queria ela aqui. E ver ele bem me tranquilizou. Muito a agradecer por esses dois grandes amigos que largaram seus trabalhos, sua  casa e conforto para estar conosco nessa hora.


 Queríamos ele conosco no primeiro minuto possível após o parto. Fizemos tudo para que não fosse gerada ansiedade na família, no dia do nascimento do Nino, todos estavam tão agitados, não queríamos essa ansiedade dessa vez, queríamos contar apenas que nosso bebê nasceu, sem expectativas, sem cobranças, apenas como a natureza fosse nos levando, deixamos para contar a todos depois que o Theo chegasse ( nem todos entenderam essa decisão, mas era forte pra gente, importante). Era o nascimento do nosso filho, uma vida chegando. E era também o meu parto que queria viver. Pra mim e pro Edu todo esse ritual anterior era importante, fazia sentido.

o Edu
O Edu se preparou comigo, planejou e vivenciou cada minuto do parto, me ajudando, me tranquilizando, me acariciando, me cuidando, hora me irritando também ( como não, se não não seria eu e o Edu.)
Um grande parceiro, um amigo, um amor, um homem de verdade, que vibrou com tudo que presenciou.


A bola de pilates 

Voltamos da maternidade, peguei a bola de pilates, ah a bola, achava tanta besteira o uso dela, pra que? sinta uma contração lá no fundo, sente nela e jogue uma ducha nas costas, e saberá que ele tem seu valor.



 Foi um tempo que não sei mensurar, fiquei no chuveiro, sentindo as dores e a cada minuto a certeza de que estava mais próximo, chegando a hora, a água escorria, a mente se esvaziava e eu começava a enxergar o que não conseguia ver, era só aquele momento, único, vivo, longe, próximo, era um momento de descoberta, prazer e dor, queria tanto viver aquilo, satisfação e gratidão por tudo o que sentia.

Pedi pra ver o Nino, tinha medo, estava vivendo uma viagem, a um desconhecido, lá dentro, talvez o mais fundo que pude chegar de mim, um campo jamais atravessado, era mágico, um pouco assustador e muito feliz, eu estava sentindo, sentindo ondas de amor e dor, transcendendo.



Ligação. Era meu médico. Pedindo pra eu voltar, estava no hospital me esperando. Dei um beijo longo no Nino e me perguntei porque não fiz em casa, perto dele, mas eu precisava ir, tinha optado pelo hospital.


após o banho. Hora de ir

Pausa na escada antes de ir. A dor.

Chegando a hora


No caminho lembrei aos dois o que eu queria e eu não queria, se precisasse da anestesia ok, não queria antes, mas tinha medo que o Edu não deixasse (porque em algum momento tinha falado pra ele não deixar), queria decidir. Postei no blog a contagem progressiva antes do parto, foi nessa hora.

Fomos para o quarto, a dor apertou bastante, o Edu tenso começou a arrumar as coisas, sempre que ele fica tenso ele arruma algo, preferencialmente enrola fios, como lá não tinha fios, arrumava o quarto, eu sabia que ele estava tenso, pedi pra ele parar, não queria arrumação.

Essa hora doía muito. ele me lembrou da minha seleção de músicas para o parto, como eu queria, preparei tudo, eram 8 musicas que eu carinhosamente havia escolhido prara a chegada do Theo. Eu parei enfim de falar, não conseguia pensar, não queria mais música, não queria som.

E  a bola, cocorar, sentar, ficar em quatro apoios? nada, eu não queria mais nada, nem carinhos, nem sugestões, nada funcionava mais. Queria silencio. E foi um lindo silêncio. Os tres ficaram mudos, sentia uma força, sem falar nada parecíamos rezar, orar, nos conectávamos com o universo. Foi intenso, um silêncio forte e profundo.

Pensava no Nino, não lembrava , mas depois a Talia me relatou que nessa hora eu disse estar com saudades dele.

Até aqui lidei bem com a dor, respirava, vocalizava e utliizava mecanismos pra lidar com ela, contava até ela passar, respirava, pensava em todas as práticas das aulas de Yoga, mas foi aí, de um minuto pra outro que parei, deixei de controlar, algo me conrolou, a dor passou as barreiras e eu não conseguia mais.

A bolsa não havia rompido, achei que demoraria muito, não conseguia mais suportar aquela dor. Botei tudo pra fora, junto o medo, a razão. Meu corpo se abria, sentia abrir, sentia a força, uma força louca, eu não mandava em mais nada, saí do meu conforto, de todo o meu controle, eu não sabia lidar, mas queria muito tudo aquilo. Pedi um anestesia pra conseguir suportar. Decidi.

Antes fui novamente para o banho, contrações fortes, cara### , doía muito, o chuveiro estava queimado, água fria, dor, levei choque ao tentar esquentar, entrei em desespero, doía muito, pedia pro Edu arrumar, mas nada mais adiantava, era dor, era água fria, frio de inverno, choque. Queria sair dali, foram os minutos anteriores à minha ida ao centro cirúrgico.
Era a minha experiência, eu estava vivendo o que eu precisava viver, os meus limites, a minha dor.

Era eu, era sozinha, só eu. Tem uma hora que senti só, e um momento de tanto autoconhecimento e a certeza de que era meu, eu estava só, mas protegida com muito amor. 


Centro cirúrgico


Não estava nos meus planos. O meu plano era fazer o parto todo no quarto, mas também não estava resistente a idéia de ir pra lá, estava aberta as possibilidades, queria me permitir, sentir o momento. E foi assim.
Cheguei no centro cirúrgico, pedia desesperadamente a anestesia, eu agora queria, meus únicos gritos foram lá, estava cansada, foram tantas horas de sentimentos profundos e intensos. Eu queria ver o Theo. Estava entregue. sabia que agora saia do meu domínio, que daquela porta em diante não era mais eu quem comandava a situação.

Mas eu aceitei. Deitei, estava cansada e não encontrava mais posição. Queria receber o Theo.

Senti algo descendo, era a bolsa, saiu a ponta sem estourar, parecia um saco, era estranho, achei que era cabeça do Theo, pedi a anestesia novamente, estava com dilatação total. Tudo pronto.

Talvez não precisasse, mas eu quis, quis muito, e a anestesia chegou.

Sorri, senti um alívio, sentia as contrações mas a dor se foi.



Depois disso foi tudo muito rápido. Mesmo estando no Centro cirúrgico foi tudo muito humano, muito respeito,  o meu médico me falou e perguntou cada detalhe. Mesmo sendo um ambiente mais frio e impessoal me senti acolhida, o Edu, a Talia o tempo todo comigo.

O Nascimento


Senti cada pedacinho do corpinho do Theo vindo, foi lindo, uma alegria. Uma sensação plena, um amor inesgotável.




Consegui. Tinha conseguido o meu VBAC, tive medo de não conseguir muitas vezes,  me senti tão feliz por ter superado isso, parir após a minha cesárea, que me trouxe o meu primeiro amor , sentimento de alegria, gratidão, queria viver aquilo. Cada um da sua forma, com a sua história, dia 1o. de julho e 17 de julho foram os dias mais alegres da minha vida, a chegada dos meus meninos. O amor quando os nossos olhares se cruzaram foi o mesmo, mas eu sabia que eu precisava passar por essa experiência.




Muitas vezes senti por não ter podido pegar o Nino no primeiro momento, amamentado e acalentado ele na hora que ele saiu de mim. Aprendemos muito com o nosso primeiro grande amor, não seria igual.


O Theo veio direto pro meu peito, mamou na hora, é um menino forte, lindo, peguei nele no momento exato que nasceu e senti o amor pulsando na minha mão.



O Du cortou o cordão que pulsou por um tempo ainda ligado ao bebê, como planejamos.
O amor estava nos meus braços, um pedacinho de mim tinha chegado. Foi uma felicidade tão imensa. Ele chegou com 3.835 quilos, aquele corpinho escorregadio,  já me ensinando tanto.

Eram 3:00 da manhã.

Saímos de lá, o Theo não passou por todas as intervenções de rotina, o Edu não deixou como haviamos combinado, fomos para o quarto tão felizes, tão amor, queria dormir, acordar e esperar a chegada do Nino para enfim conhecer seu irmão.


Dormi abraçada. Me sentindo a pessoa mais completa do mundo.  Tudo ficou diferente. Agora somos 4.

De manhã o encontro. Foi lindo ver os irmãos. Amor demais.

Gratidão.










ps. Assim que eu conseguir editar trago um vídeo com um pouco desse dia lindo de sol.











segunda-feira, 20 de maio de 2013

Decidido o médico - Agora?!



Semana passada não contei, mas decidi o médico que irá fazer meu parto, agora, com 30 para 31 semanas finalmente estou certa do médico que irá fazer o meu parto. Na verdade dentro de mim já estava decidido, tinha um que me deixava feliz, me perguntou sobre o meu plano de parto (coisa que não vejo nenhum médico fazer, infelizmente), tem um trabalho humanizado e nitidamente faz partos (a cada consulta pesquisava e cada uma das mães que estavam no consultório tinham feito parto normal com ele) , o outro me deixava "segura", mas no decorrer do tempo fui percebendo que a "segurança" não era propriamente o que sentia, nunca me desmarcou uma consulta (como assim? se dizia parteiro mas nunca teve um "imprevisto"? no mínimo estranho) e tinha muitos métodos pré estabelecidos.
Esses dias a minha instrutora de Yoga (falei pra vocês que estou fazendo?) me falou o que estava aqui , mas eu não conseguia verbalizar e talvez nem entender, eu falei pra ela que não entendia porque eu permaneci com os dois, afinal eu sabia o que eu quero para o meu parto, e um deles era contrário a maior parte das coisas que eu desejava (como ficar com o Edu o tempo todo, que é um direito) , e o outro sempre disse que faria como eu quero. Ela me respondeu que meu médico ( o antigo) sustentava os meus medos. E é isso, definiu tudo, ele alimenta tudo o que temo, dava suporte para que meus medos continuassem existindo. Era claro isso, mas eu fingia não ver. 
E decidi o que já estava decidido.
Agora definido, me sinto tão mais leve, tão mais feliz, e de repente me vejo entrando em uma nova fase, me preparando cada vez mais para um parto legal, como eu quero, com a segurança de que será como deve ser, e não como o médico quer que seja, que será como eu e o meu bebê precisamos.

Leveza. Alívio 

segunda-feira, 29 de abril de 2013

Emoção do parto

Estava em uma época de crises com o meu trabalho, trabalhar no que gosta, empreender, não ter hora para acabar, mas um momento tão mágico e profundo me fez celebrar minha profissão, agradecer minha escolha e vivenciar algo tão profundo que não restou dúvidas, estou no caminho e só tenho à agradecer por ter encontrado a fotografia como forma de me expressar, de olhar e de crescer.

UM PARTO. Pra quem esperava que fosse o meu, calma, estou de 7 meses ainda.

Um dos momentos mais lindos e fortes dos meus últimos dias, a ponto de me fazer avaliar e reavaliar muitas coisas da minha vida. Tudo é tão mais simples, natural, mais claro agora. Quem acompanha a página do facebook já viu algumas fotos e estava devendo falar sobre o que estava aqui dentro.
Próximo à chegada do Theo, presenciar a vida, vindo da forma como a mãe queria, como deveria ser, uma vida chegando na minha frente da forma mais pura e humanizada. Dor e amor , renascimento e nascimento, respeito e liberdade é o que pude compartilhar com a família que estava recebendo seu bebê.
Sou grata por ter compartilhado esse momento, de tamanha intimidade, introspecção até, extrema importância, vivido por uma amiga, e certamente o que ela viveu mudou sua vida como mudou de alguma forma a minha. Mudou a nossa amizade. Pra mim fortificou algo lindo que começava. Nunca mais será a mesma. E pra sempre essa data, a cena que vivi e fotografei, estará comigo, todo o amor e toda a vida pulsando e chegando aos braços da mãe estarão sempre aqui dentro.
 A chegada do pequeno ao mundo com todo o respeito, com um médico comprometido com o desejo da mãe e principalmente com a hora do bebê, uma doula maravilhosa presente dando todo o apoio e amor (aTalia Gevaerd), o pai junto o tempo inteirinho, que deveria acontecer em todos os partos, por direito inclusive ( mas infelizmente não é essa  a realidade), foi uma experiência que vai além do que posso explicar.
Foi algo muito forte, muito intenso.
Eu que vivi uma cesariana necessária (há controvérsias sei) e espero parir do meu segundo filho, precisava falar de tudo isso que ficou guardado aqui essas duas semanas de sumiço. O nascimento. A vida.
O respeito à vida começa aí mesmo nesse trecho inicial, no nascimento, na sua via de chegada.
Eu não entendia muitas coisas na gestação do Nino em relação ao parto, e agradeço por ter aprendido mais, despertado para uma gestação mais ativa, me informado, conhecido as pessoas certas, ter iniciado esse blog e especialmente por ter o Nino e o Edu me fazendo crescer e me propiciando momentos de amor que me fazem buscar essas questões que nem eu sabia existir dentro de mim.

Hoje entendo muitas dúvidas que antes não conseguia compreender e o movimento da vida, a chegada desse pequeno fortaleceram tantas coisas e a certeza de que algo mudou.

Bem vindo pequeno e amado Murilo (agora com 2 semanas e meia de vida) e obrigada Patricia e Gustavo por dividir comigo esse momento de tanto amor.


Ps. Nada melhorar que comemorar o dia do seu aniversário falando de nascimento não é mesmo!? Esse ano o aniversário será só nós, família juntinha quem sabe termine o dia vendo um filminho com pipoca?!

segunda-feira, 8 de abril de 2013

Empoderamento feminino

Na busca e na expectativa do meu parto normal para a chegado do Théo, tenho lido muitos textos, aprendido um pouco e me informando sobre o VBAC (vaginal birth after cesarean ) e entre muito trabalho, os cuidados com o Nino, uma casa pra cuidar tenho pensado cada vez mais sobre o assunto , afinal o assunto está aí...quase chegando.
A Talia que escrevia mensalmente para o Roteiro Baby Curitiba passou a escrever para o Dias de Mamis, acho o seu trabalho maravilhoso e engrandecedor para nós. Muitos desses textos me inspiram e me ajudam nessa fase. 
Lemos muito sobre empoderar-se, mas afinal o que é isso? O que significa empoderamento feminino?, como saber se eu posso? 
Ótimo texto da psicóloga, instrutora de Yoga e doula Talia Gevaerd Souza, que escreve lindamente sobre o assunto.


Mas afinal, o que é esse tal de ‘empoderamento feminino’?



A palavra empoderamento tem aparecido com freqüência nos escritos e falas de profissionais do parto e de mulheres vivendo a maternidade. É um termo que vem se popularizando. Mas o que é isso?
A palavra empoderar vem de ‘poder’. Significa ‘tomar o poder para si’; ‘poder realizar algo’; ‘conduzir uma situação’; ‘assumir a responsabilidade com propriedade e ocupar – de verdade – o lugar de protagonismo’.
UV Studio Curitiba - Dias de mamis Sendo assim, a resposta final está em mim, e não no outro, mesmo que o outro me ajude a decidir o que fazer, ou me passe informações importantes.
É uma busca por liberdade e responsabilidade. Por isso, difícil e exigente. Por outro lado, as recompensas são as melhores.
O empoderamento feminino – que pode se estender para qualquer área da vida de uma mulher – tem sido muito citado em relação ao parto e à todo o ciclo da maternidade, porque estamos num momento muito especial para as mulheres: revertendo a maré.
Em nossa cultura, temos como mensagem inconsciente que a gravidez e o parto (principalmente o parto!) são perigosos, e que uma mulher não consegue gestar e parir por conta própria. Ela precisa de ajuda e orientação, e os sinais e intuições que vem de seu corpo e de seu cérebro totalmente modificados para receber a nova vida que ela está gerando, estão errados.
Ouvimos tantas histórias de fracassos no parto, tais como: Não tive dilatação, meu bebê não desceu, não agüentei a dor, minha bacia era muito estreita, e por aí afora... Tais histórias confirmam a mensagem inconsciente de que realmente a mulher não consegue parir, e que, somente graças ao atendimento recebido, o bebê pode nascer.
Entramos então na próxima etapa: o bebê agora está nos braços da mãe, e a mensagem que a mulher capta é: não dê ouvidos ao que o seu bebê precisa. Ele vai escravizá-la. As pessoas ao redor, no desejo de ajudar, criticam e tentam impor seu modelo de maternagem à uma dupla de pessoas que está se conhecendo e que precisa de tempo para se entender. Informações conflitantes chegam de todos os lados, algumas são solicitadas, e outras tantas não. A mulher acha que depende de todo este aparato externo para conseguir ser uma boa mãe.
Uma mulher grávida, ou parindo, ou com bebezinho no colo, realmente precisa de mais carinho e compreensão, paciência e mimos, porque toda a sua energia está indo para o bebê. Ela se vê, em vários momentos, perdida, sem saber como resolver determinada situação. A ajuda externa, as informações e as dicas podem ser a salvação, muitas vezes. Ter uma rede de apoio nesta fase é muito importante. Uma mãe que conta com amparo emocional, cuidados e ajuda consegue se dedicar muito mais para sua gravidez e seu bebê.
Mas existe uma diferença fundamental entre oferecer ajuda a alguém acreditando que este alguém é soberano e pleno em seu contexto, e que esta pessoa tem condições de tomar decisões de se conduzir, do que encarar este alguém como totalmente dependente de orientação externa, sem deixar espaço para a pessoa crescer e evoluir por si.
Existe uma diferença enorme entre ficar esperando que alguém me traga a resposta, porque eu não sei nada, e receber ajuda que é filtrada pela minha própria percepção e valores. Isto é empoderamento.
Pensar em empoderamento feminino no parto traz à tona uma carga cultural e pessoal muito grande. A mulher que resolve que o parto é dela vai contra tudo, mas a favor de seu corpo e de seu bebê. Este caminho exige comprometimento, e uma crença verdadeira em si mesma, confiança em sua capacidade de parir, no trabalho e competência de seu útero, e na participação ativa de seu bebê. Tudo isso é verdade fisiológica. Quando a mulher toma consciência dessa verdade, ela consegue se assumir, mesmo que isto signifique nadar contra a maré. Porque ela sabe o que sente e pensa, ela está sintonizada com seu bebê e seu corpo, tem as informações sobre o assunto e pode decidir. Isto é libertador. Mesmo. A mulher se encontra com sua força e sua sabedoria. Ela passa a ocupar um lugar que é dela de direito, que sempre esteve lá, esperando para ser ocupado.
A percepção desta verdade é transformadora, um marco evolutivo pessoal. Passamos a cuidar mais e melhor de tudo que nos acontece, protegemos mais nossos filhos, aguçamos o senso crítico, e confiamos mais em nós mesmas.
No mundo todo, mulheres comuns vêm descobrindo o prazer de parir, e a força feminina inata que possuem. No nosso lindo Brasil, também! Se você perguntar um pouquinho, logo vai encontrar uma mãe que teve uma experiência de parto linda – na maternidade, em casa -, alguém que se informou e descobriu que é dona de sua experiência, e responsável pelo seu bebê. Alguém que pode inspirar você!
Para finalizar, algumas palavras de encorajamento, escritas especialmente para as mulheres brasileiras que buscam um parto ativo e seguro, saudável, livre e feliz, vindas de Janet Balaskas. Janet é uma lenda viva no mundo do parto natural. Autora de vários livros, o mais famoso é ‘Parto Ativo’(editora Ground), mãe de 4 filhos nascidos em casa (o último nascido quando ela tinha 42 anos, e o bebê quase 5kg). Veja o que ela nos diz:


“Mulheres do Brasil: todo o poder para vocês. O parto está em suas mãos. Chegou a hora de retomar o poder do parir do sistema médico. Vocês são parte de uma revolução mundial. A maré está mudando. As mães sabem mais. Vocês são fortes, são poderosas, e foram feitas para trazer vida nova para o mundo. E vocês sabem como. Este é o seu direito. Vocês são sábias e lindas. Estarei com vocês, de coração e alma, nos dias 16 e 17 de junho de 2012.” (Este texto está na página do Parto Ativo Brasil no Facebook, e foi uma mensagem de Janet Balaskas para as mulheres brasileiras, quando se preparavam para a Marcha pelo Parto em Casa, que aconteceu em mais de 30 cidades brasileiras, em junho deste ano)

Vá lá: ocupe seu espaço! Ele está te esperando!

Talia Gevaerd de Souza
Psicóloga  para gravidez, parto e pós parto
Instrutora de Yoga e Parto Ativo pré e pós natal
Doula
Diretora Parto Ativo Brasil

segunda-feira, 18 de março de 2013

Trabalho de parto - Benefícios


Essa semana ainda vou falar de Jericoacoara, parte final da nossa viagem em família. Mas vim falar antes de outro assunto. O pequeno que mora aqui dentro está a pleno vapor, mexendo muito e a cada dia estamos mais próximos do parto, e pensando muito nesse dia. Esse texto da Talia, que é Psicóloga para gravidez, parto e pós parto Instrutora de Yoga e Parto Ativo e doula é muito bom, e fala sobre os benefícios do trabalho de parto, no meio das altas taxas de  cesarianas agendadas no nosso país, é bem importante saber, ler e entender sobre a forma natural de parir e nascer.


Os benefícios do trabalho de parto, para a mamãe e o bebê.


Por Talia Gevaerd de Souza
O trabalho de parto é uma parte do processo de nascimento. Sua duração pode variar bastante. O bebê está bem guardadinho dentro do útero. O útero é um órgão formado por feixes de músculos; é como uma bolsa que contém o bebê. Na parte de baixo do útero fica a ‘boca’ desta bolsa, chamada de ‘colo do útero’. O colo uterino se parece mesmo com uma boca, e o trabalho de parto é o processo de abertura dessa ‘boca’. Durante o tempo de trabalho de parto, o útero produz energia e movimento em ondas, chamadas de ‘contrações’, que vão fazendo o colo do útero abrir. Esta abertura é medida, de forma não exata, em ‘dedos’ ou ‘centímetros’ de dilatação. Antes do trabalho de parto propriamente dito começar, o colo do útero vai ficando bem molinho, e fininho. Depois, começa a se abrir, até chegar à dilatação total, traduzida em ’10 cm de dilatação’, ou ’10 dedos de dilatação’. Assim, ao final do trabalho de parto, o útero e o canal vaginal são como um túnel único, que forma o caminho para o bebê descer e nascer.
Vivenciar o trabalho de parto traz inúmeras vantagens e benefícios para a mãe e principalmente para o bebê. Neste texto, citaremos algumas delas:

Uma força começa a transformar a gestação em trabalho de parto. O que será? O que provoca o início do trabalho de parto?
Uma pequena pessoa começa esta aventura: o bebê! É ele que dá início ao trabalho de parto, quando seu pulmão está pronto para funcionar fora do útero. As últimas semanas de gestação são fundamentais para a maturação do pulmão, e para o ganho de peso do bebezinho. E o toque final do processo de maturação pulmonar acontece durante o trabalho de parto!

Hormônios são substâncias mágicas! Fabricados pelo corpo humano, fazem acontecer transformações como o parto, por exemplo. Durante o trabalho de parto fisiológico, mãe e bebê são banhados em um coquetel hormonal preciosíssimo! Aqui, vamos apresentar dois sistemas hormonais básicos do trabalho de parto: o sistema ocitocina é o que faz o útero trabalhar para se abrir. Cada pulso de ocitocina liberado no corpo da mulher significa uma ‘onda’ uterina, ou contração. Cada contração pode durar entre 15 a 90 segundos, aproximadamente. Quando a contração passa, o corpo descansa. Assim se passa o trabalho de parto: períodos de ondas e repouso, até o colo do útero chegar à dilatação máxima. Outro sistema hormonal muito importante e benéfico é o sistema endorfinas. As endorfinas são anestésicos naturais produzidos pelo corpo. Ajudam a aliviar a dor e a trazer sensações prazerosas. A combinação destes hormônios, secretados em altíssima quantidade, sem nenhum paralelo com qualquer outra situação, vai alterando o estado de consciência da mulher. Ela perde a noção do tempo, e se entrega para as sensações que vive. Não é possível detalhar aqui todos os efeitos mecânicos e comportamentais dos hormônios, mas podemos lembrar que a ocitocina é considerada o ‘hormônio do amor’. Ou seja, ela contribui para que mãe e bebê se apaixonem um pelo outro. Além disso, a ocitocina acalma a mulher, e a torna mais tolerante à dor. As endorfinas, hormônios do prazer e do alívio da dor, criam condições para que a mulher entre num estado de êxtase após o parto, e que mãe e bebê tenham sentimentos de dependência um pelo outro. Este é um recurso de sobrevivência: se a mulher se vincula e se apaixona pelo bebê, e sente que o bebê depende dela, ela vê seu filho indefeso como o que há de mais importante em sua vida, se coloca em segundo plano para atender suas necessidades urgentes, e garantir que ele viva forte e saudável. Uma mulher que sente tudo isso defende seu bebê, e não o abandona. O bebê, por sua vez, retribui esta dedicação. O vínculo vai crescendo à medida que o tempo passa, e a mãe percebe que é única e especial para sua criança. Esta é uma das grandes alegrias e recompensas da maternidade.

● As contrações uterinas do trabalho de parto massageiam o bebê e preparam seus órgãos internos para funcionar com eficiência na vida fora do útero.

O bebê é um participante ativo. Ele mexe a cabeça, fazendo movimentos que o ajudam a  descer, para favorecer a dilatação do colo e na passagem pela pélvis da mãe. Permitir que o bebê viva o trabalho de parto significa respeitar o tempo que esta pessoa precisa para processar seu próprio nascimento. Ele está despertando sua força para viver; fazendo uma jornada que o marcará para sempre.

Um trabalho de parto seguro é aquele que a mulher está tranqüila, sem pressa, sem medo. Ela pode ficar na posição que desejar, fazer os barulhos que quiser, e está entregue à experiência, relaxada e respirando livremente. As posições que as mulheres escolhem ficar espontaneamente são, na grande maioria das vezes, verticais e com o tronco inclinado para frente. Este tipo de posição facilita a descida do bebê e a boa oxigenação dele e do útero. Através desta, e de outras medidas, é possível facilitar o processo fisiológico do nascimento; minimizar a dor e aumentar a confiança e satisfação da mulher.
Mas, e o medo do desconhecido? E a dor?
O desconhecido é cada segundo à frente. Ninguém conhece o dia de amanhã, e as surpresas que a vida lhe reserva. O trabalho de parto é um baita buraco negro, onde a luz do fim do túnel fica escondida em vários momentos. Mas esta característica não é privilégio do trabalho de parto. É a vida. É a maternidade toda. Por outro lado, toda mulher tem recursos internos para viver o nascimento de seu filho, para respirar e relaxar junto com a dor, considerando-a uma amiga e uma guia. Nesta entrega, é como se a mulher em trabalho de parto pudesse descortinar novas e inebriantes sensações ao receber a dor e o desconhecido, ao se deixar levar por uma onda de cada vez, e com calma. Atrás da dor e do difícil, estão escondidos prazer, êxtase, felicidade, e sensações e percepções que a palavra não consegue captar.  O trabalho de parto desperta força no bebê. O trabalho de parto ajuda a despertar a mãe dentro de cada mulher. O trabalho de parto leva a mulher ao seu pote de força interior, que também era desconhecido. Ela, a mulher vivendo seu trabalho de parto, não é uma coitadinha sofrendo. Ao contrário, é como uma deusa poderosa, desbravando a si mesma e se superando. Poucas situações na vida conseguem fazer uma pessoa transcender tanto. Não se é a mesma depois dele.
E que todas as mulheres recebam tratamento digno e respeitoso, que sejam protegidas e cuidadas ao viverem seus processos de parir. Que cada bebê tenha seu tempo e necessidades respeitados, que sejam recebidos com amor e atenção neste mundo.
 
 

 

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Plano de Parto - O contrato de prestação de serviços para atendimento ao nascimento


Passado o cansaço inicial agora tenho começado a curtir mais a minha barriga, tentado me conectar mais com essa fase, me preparar para a nova chegada. Dessa forma eu voltei a pensar na preparação para o para o parto, como eu gostaria que fosse, o que eu gostaria que tivesse e a forma que deve ser essa nova chegada, esse novo momento.
Nessa hora recebi um texto da Talia Gevaerd de Souza do Centro de Parto Ativo, psicóloga e doula e instrutora de Yoga, uma profissional incrível, o texto chegou na hora certa e acho que poderá ser muito bom pra outras mães que desejam criar um plano de parto. Aliás vocês sabem o que é um plano de parto?
O texto foi esclarecedor pra mim, assim como vários outros textos maravilhosos escritos pela Talia. E a novidade é que terão vários outros. 




O contrato de prestação de serviços para atendimento ao nascimento.
Talia Gevaerd de Souza

Ao engravidar, a mulher se prepara para iniciar suas consultas de pré-natal, que visam cuidar da saúde da mãe e do bebê. Em geral, essas consultas, normalmente realizadas com médico obstetra, acontecem uma vez por mês ao longo de quase toda a gestação. No último mês, é comum as consultas serem mais freqüentes; a cada 15 dias, ou semanalmente. Em cada encontro, se faz o acompanhamento da gestação: as alterações de peso da mulher, o crescimento do útero, os batimentos cardíacos do bebê, os pedidos e resultados de exames variados, entre outros. Vários assuntos devem ser abordados, e um deles é o processo de parir/nascer.
O dia do nascimento do bebê deve ser discutido antecipadamente com o profissional que fará o atendimento, se possível. As preferências da mulher, a necessidade – ou não – de procedimentos e intervenções, as pessoas que estarão presentes, os cuidados com o bebê...
Comum em países da Europa e Estados Unidos, o ‘Plano de Parto’ está se popularizando por aqui. O Plano de Parto é um documento redigido pela mulher ou casal. Nele, estão descritas as preferências da mulher. Por exemplo: ela informa se quer ou não a anestesia peridural ou a  episiotomia; se  quer soro com oxitocina sintética para induzir o parto; se quer a presença do companheiro o tempo todo; se faz questão que seu bebê não seja separado dela em nenhum momento, salvo em caso de emergência...
Para que uma mulher possa redigir seu Plano de Parto, ela precisa, necessariamente, ter conhecimento dos procedimentos padrão de atendimento. Precisa também obter informações sobre eles, para que possa se sentir preparada para negá-los ou aceitá-los, conforme sua vontade e a necessidade.
Percorrido este caminho, o Plano de Parto está pronto. A mulher o entrega na mão do profissional que fará o atendimento de seu parto. Ela se sente, agora, mais segura, pois registrou em papel (e assinou) tudo que é importante; o profissional já está ciente, e não vai esquecer!
Infelizmente, bem poucos profissionais seguem o Plano de Parto de suas gestantes. Muitos nem o lêem. A mãe se tranqüiliza, com a ilusão de que suas vontades serão respeitadas. Quando o dia do parto chega, tudo acontece diferente. O bebê nasce e todo o processo vai sendo conduzido sem questionamentos, e fica por isso mesmo. No dia seguinte, o profissional nem lembra mais. A mulher carrega sua experiência de dar à luz para todo o sempre. O bebê fica marcado eternamente pelo modo com que nasceu.
O cenário apresentado acima foi bastante resumido e trágico, é verdade. Existem inúmeras possibilidades, que vão do total respeito e adesão ao Plano de Parto, passando por alterações que se fazem necessárias à medida que o processo avança; alterações discutidas com o profissional nas consultas de pré-natal (por exemplo: a mulher gostaria de parir de cócoras, mas o profissional prefere que ela esteja semi-reclinada. Eles conversam sobre isso, e chegam a um acordo); alguns aspectos de Plano de Parto respeitados, e outros não, até chegar à total indiferença e esquecimento diante dele.
Para fazer valer um Plano de Parto, é fundamental que o profissional o ASSINE TAMBÉM. Sem isto, aquele papel não tem muita validade como documento. Ao considerar esta possibilidade, esbarramos nas crenças profundas que cada pessoa nutre em seu coração sobre o que é o parto.
Quando uma mulher sente que o nascimento de seu filho é uma experiência dela e de sua família que nasce, o profissional que a atende passa a ser um prestador de serviços, mas não o detentor da razão e de tudo o que deve – ou pode – acontecer no dia. Os profissionais presentes devem acompanhar o processo, e comunicar/intervir no caso de necessidade. Ainda assim, respeitando a individualidade daquela situação e daquelas pessoas.
As equipes que fazem atendimento a parto domiciliar planejado costumam trabalhar com contrato de prestação de serviços. Neste documento, tudo é detalhado, lido e assinado em conjunto com a mulher e/ou casal. Tanto o casal quanto a equipe se sentem mais seguros, e não há obscuridades: os procedimentos e protocolos e as vontades do casal estão claras e bem entendidas para todos os envolvidos. Com a assinatura de TODAS AS PESSOAS, as chances de que aqueles termos sejam respeitados aumentam consideravelmente.
Neste tipo de contrato, costumam estar descritos e detalhados temas como:
O protocolo de atendimento da equipe/profissional: o perfil da gestante a ser atendida, procedimentos em caso de complicações, como conduzir uma remoção para maternidade, recursos a serem usados, limites do profissional
Procedimentos com o bebê
Intercorrências possíveis
A responsabilidade de cada um: mulher/casal assume parte da responsabilidade com o profissional/equipe
As preferências da mulher/casal

Certamente os profissionais não estão acostumados a ouvir este tipo de sugestão das gestantes que atendem em suas consultas. Muitos podem dizer que não há necessidade de se produzir tal documento, bastando apenas um acordo verbal. Mas se a mulher deseja ocupar o lugar de protagonismo do parto - que é de direito de todas as mulheres - produzir um documento assim ajuda muito a criar as melhores condições para seu processo de parto e seu bebê sejam respeitados.
Uma mulher grávida tem necessidade urgente e instintiva de se sentir segura e protegida. Tal também é verdadeiro para a situação de processo de parto, e para o pós parto. Por isso, produzir um documento como o sugerido acima contribui para que seu sentimento de segurança cresça. A produção, leitura conjunta e assinatura de tal documento pode ser sentido como um ritual, onde se sacramenta que o nascimento daquela criança é tão importante para o profissional quanto para a família. Como num fluxo contínuo, ela relaxa e se acalma. Estas qualidades são vitais para caminhar rumo a uma experiência de parir/nascer saudável e satisfatória, mesmo quando não ocorre conforme o planejado.


Talia Gevaerd de Souza
Psicóloga (CRP08/15371) para gravidez, parto e pós parto
Instrutora de Yoga e Parto Ativo pré e pós natal
Doula
talia@centrodepartoativo.com.br/talia@partoativobrasil.com.br/f:91069673