A Talia que escrevia mensalmente para o Roteiro Baby Curitiba passou a escrever para o Dias de Mamis, acho o seu trabalho maravilhoso e engrandecedor para nós. Muitos desses textos me inspiram e me ajudam nessa fase.
Lemos muito sobre empoderar-se, mas afinal o que é isso? O que significa empoderamento feminino?, como saber se eu posso?
Ótimo texto da psicóloga, instrutora de Yoga e doula Talia Gevaerd Souza, que escreve lindamente sobre o assunto.
Mas afinal, o que é esse tal de ‘empoderamento feminino’?
A palavra empoderamento tem
aparecido com freqüência nos escritos e falas de profissionais do parto e de
mulheres vivendo a maternidade. É um termo que vem se popularizando. Mas o que
é isso?
A palavra empoderar vem de
‘poder’. Significa ‘tomar o poder para si’; ‘poder realizar algo’; ‘conduzir
uma situação’; ‘assumir a responsabilidade com propriedade e ocupar – de
verdade – o lugar de protagonismo’.
Sendo assim, a resposta final
está em mim, e não no outro, mesmo que o outro me ajude a decidir o que fazer,
ou me passe informações importantes.
É uma busca por liberdade e
responsabilidade. Por isso, difícil e exigente. Por outro lado, as recompensas
são as melhores.
O empoderamento feminino – que
pode se estender para qualquer área da vida de uma mulher – tem sido muito
citado em relação ao parto e à todo o ciclo da maternidade, porque estamos num
momento muito especial para as mulheres: revertendo a maré.
Em nossa cultura, temos como
mensagem inconsciente que a gravidez e o parto (principalmente o parto!) são
perigosos, e que uma mulher não consegue gestar e parir por conta própria. Ela
precisa de ajuda e orientação, e os sinais e intuições que vem de seu corpo e
de seu cérebro totalmente modificados para receber a nova vida que ela está
gerando, estão errados.
Ouvimos tantas histórias de
fracassos no parto, tais como: Não tive dilatação, meu bebê não desceu, não
agüentei a dor, minha bacia era muito estreita, e por aí afora... Tais
histórias confirmam a mensagem inconsciente de que realmente a mulher não
consegue parir, e que, somente graças ao atendimento recebido, o bebê pode
nascer.
Entramos então na próxima etapa:
o bebê agora está nos braços da mãe, e a mensagem que a mulher capta é: não dê
ouvidos ao que o seu bebê precisa. Ele vai escravizá-la. As pessoas ao redor,
no desejo de ajudar, criticam e tentam impor seu modelo de maternagem à uma
dupla de pessoas que está se conhecendo e que precisa de tempo para se
entender. Informações conflitantes chegam de todos os lados, algumas são
solicitadas, e outras tantas não. A mulher acha que depende de todo este
aparato externo para conseguir ser uma boa mãe.
Uma mulher grávida, ou parindo,
ou com bebezinho no colo, realmente precisa de mais carinho e compreensão,
paciência e mimos, porque toda a sua energia está indo para o bebê. Ela se vê,
em vários momentos, perdida, sem saber como resolver determinada situação. A
ajuda externa, as informações e as dicas podem ser a salvação, muitas vezes.
Ter uma rede de apoio nesta fase é muito importante. Uma mãe que conta com
amparo emocional, cuidados e ajuda consegue se dedicar muito mais para sua
gravidez e seu bebê.
Mas existe uma diferença
fundamental entre oferecer ajuda a alguém acreditando que este alguém é
soberano e pleno em seu contexto, e que esta pessoa tem condições de tomar decisões
de se conduzir, do que encarar este alguém como totalmente dependente de
orientação externa, sem deixar espaço para a pessoa crescer e evoluir por si.
Existe uma diferença enorme entre
ficar esperando que alguém me traga a resposta, porque eu não sei nada, e
receber ajuda que é filtrada pela minha própria percepção e valores. Isto é
empoderamento.
Pensar em empoderamento feminino
no parto traz à tona uma carga cultural e pessoal muito grande. A mulher que
resolve que o parto é dela vai contra tudo, mas a favor de seu corpo e de seu
bebê. Este caminho exige comprometimento, e uma crença verdadeira em si mesma,
confiança em sua capacidade de parir, no trabalho e competência de seu útero, e
na participação ativa de seu bebê. Tudo isso é verdade fisiológica. Quando a
mulher toma consciência dessa verdade, ela consegue se assumir, mesmo que isto
signifique nadar contra a maré. Porque ela sabe o que sente e pensa, ela está
sintonizada com seu bebê e seu corpo, tem as informações sobre o assunto e pode
decidir. Isto é libertador. Mesmo. A mulher se encontra com sua força e sua
sabedoria. Ela passa a ocupar um lugar que é dela de direito, que sempre esteve
lá, esperando para ser ocupado.
A percepção desta verdade é
transformadora, um marco evolutivo pessoal. Passamos a cuidar mais e melhor de
tudo que nos acontece, protegemos mais nossos filhos, aguçamos o senso crítico,
e confiamos mais em nós mesmas.
No mundo todo, mulheres comuns vêm
descobrindo o prazer de parir, e a força feminina inata que possuem. No nosso
lindo Brasil, também! Se você perguntar um pouquinho, logo vai encontrar uma
mãe que teve uma experiência de parto linda – na maternidade, em casa -, alguém
que se informou e descobriu que é dona de sua experiência, e responsável pelo
seu bebê. Alguém que pode inspirar você!
Para finalizar, algumas palavras
de encorajamento, escritas especialmente para as mulheres brasileiras que
buscam um parto ativo e seguro, saudável, livre e feliz, vindas de Janet
Balaskas. Janet é uma lenda viva no mundo do parto natural. Autora de vários
livros, o mais famoso é ‘Parto Ativo’(editora Ground), mãe de 4 filhos nascidos
em casa (o último nascido quando ela tinha 42 anos, e o bebê quase 5kg). Veja o
que ela nos diz:
“Mulheres do Brasil: todo o poder para vocês. O parto está em suas
mãos. Chegou a hora de retomar o poder do parir do sistema médico. Vocês são
parte de uma revolução mundial. A maré está mudando. As mães sabem mais. Vocês
são fortes, são poderosas, e foram feitas para trazer vida nova para o mundo. E
vocês sabem como. Este é o seu direito. Vocês são sábias e lindas. Estarei com
vocês, de coração e alma, nos dias 16 e 17 de junho de 2012.” (Este texto
está na página do Parto Ativo Brasil no Facebook, e foi uma mensagem de Janet
Balaskas para as mulheres brasileiras, quando se preparavam para a Marcha pelo
Parto em Casa, que aconteceu em mais de 30 cidades brasileiras, em junho deste
ano)
Vá lá: ocupe seu espaço! Ele está
te esperando!
Talia Gevaerd de Souza
Psicóloga para gravidez, parto e pós parto
Instrutora de Yoga e
Parto Ativo pré e pós natal
Doula
Diretora Parto Ativo
Brasil
Nossa, muito bacana, adoro ler e comentar sobre textos assim, sobre a liberdade feminina, sobre o poder da vida.
ResponderExcluirSe eu tivesse um outro parto hoje, teria muito mais controle sobre o meu corpo.
Bjão e boa semana!
Eu tive as minhas duas filhas de parto normal, bati o pé até o final!! E foi a melhor coisa da minha vida!!! No primeiro tive lguns problemas por falta de experiência com parto normal da equipe médica, mesmo assim quis a segunda de novo de parto normal e foi mágico!!! Uma equipe excelente me apoiou desta vez e foi tudo como eu imaginava!!! Nunca quis ter o parto em casa, mas sempre quis que fosse parto normal, e assim foi. Agradeço à Deus por isso!!! Confie que você vai conseguir!!! Bjo.
ResponderExcluirOi linda Laíz, estou loua para ver o rostinho do teu pequenino!!
ResponderExcluirSaudade tua flor! Mil beijõesss
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