Passado o cansaço inicial agora tenho começado a curtir mais a minha barriga, tentado me conectar mais com essa fase, me preparar para a nova chegada. Dessa forma eu voltei a pensar na preparação para o para o parto, como eu gostaria que fosse, o que eu gostaria que tivesse e a forma que deve ser essa nova chegada, esse novo momento.
Nessa hora recebi um texto da Talia Gevaerd de Souza do Centro de Parto Ativo, psicóloga e doula e instrutora de Yoga, uma profissional incrível, o texto chegou na hora certa e acho que poderá ser muito bom pra outras mães que desejam criar um plano de parto. Aliás vocês sabem o que é um plano de parto?
O texto foi esclarecedor pra mim, assim como vários outros textos maravilhosos escritos pela Talia. E a novidade é que terão vários outros.
O contrato de
prestação de serviços para atendimento ao nascimento.
Talia Gevaerd de Souza
Ao engravidar, a mulher se
prepara para iniciar suas consultas de pré-natal, que visam cuidar da saúde da
mãe e do bebê. Em geral, essas consultas, normalmente realizadas com médico
obstetra, acontecem uma vez por mês ao longo de quase toda a gestação. No
último mês, é comum as consultas serem mais freqüentes; a cada 15 dias, ou
semanalmente. Em cada encontro, se faz o acompanhamento da gestação: as
alterações de peso da mulher, o crescimento do útero, os batimentos cardíacos
do bebê, os pedidos e resultados de exames variados, entre outros. Vários
assuntos devem ser abordados, e um deles é o processo de parir/nascer.
O dia do nascimento do bebê deve
ser discutido antecipadamente com o profissional que fará o atendimento, se
possível. As preferências da mulher, a necessidade – ou não – de procedimentos
e intervenções, as pessoas que estarão presentes, os cuidados com o bebê...
Comum em países da Europa e
Estados Unidos, o ‘Plano de Parto’ está se popularizando por aqui. O Plano de
Parto é um documento redigido pela mulher ou casal. Nele, estão descritas as
preferências da mulher. Por exemplo: ela informa se quer ou não a anestesia
peridural ou a episiotomia; se quer soro com oxitocina sintética para induzir
o parto; se quer a presença do companheiro o tempo todo; se faz questão que seu
bebê não seja separado dela em nenhum momento, salvo em caso de emergência...
Para que uma mulher possa redigir
seu Plano de Parto, ela precisa, necessariamente, ter conhecimento dos
procedimentos padrão de atendimento. Precisa também obter informações sobre
eles, para que possa se sentir preparada para negá-los ou aceitá-los, conforme
sua vontade e a necessidade.
Percorrido este caminho, o Plano
de Parto está pronto. A mulher o entrega na mão do profissional que fará o
atendimento de seu parto. Ela se sente, agora, mais segura, pois registrou em
papel (e assinou) tudo que é importante; o profissional já está ciente, e não
vai esquecer!
Infelizmente, bem poucos
profissionais seguem o Plano de Parto de suas gestantes. Muitos nem o lêem. A
mãe se tranqüiliza, com a ilusão de que suas vontades serão respeitadas. Quando
o dia do parto chega, tudo acontece diferente. O bebê nasce e todo o processo
vai sendo conduzido sem questionamentos, e fica por isso mesmo. No dia
seguinte, o profissional nem lembra mais. A mulher carrega sua experiência de
dar à luz para todo o sempre. O bebê fica marcado eternamente pelo modo com que
nasceu.
O cenário apresentado acima foi
bastante resumido e trágico, é verdade. Existem inúmeras possibilidades, que
vão do total respeito e adesão ao Plano de Parto, passando por alterações que
se fazem necessárias à medida que o processo avança; alterações discutidas com
o profissional nas consultas de pré-natal (por exemplo: a mulher gostaria de
parir de cócoras, mas o profissional prefere que ela esteja semi-reclinada.
Eles conversam sobre isso, e chegam a um acordo); alguns aspectos de Plano de Parto
respeitados, e outros não, até chegar à total indiferença e esquecimento diante
dele.
Para fazer valer um Plano de
Parto, é fundamental que o profissional o ASSINE TAMBÉM. Sem isto, aquele papel
não tem muita validade como documento. Ao considerar esta possibilidade,
esbarramos nas crenças profundas que cada pessoa nutre em seu coração sobre o
que é o parto.
Quando uma mulher sente que o
nascimento de seu filho é uma experiência dela e de sua família que nasce, o
profissional que a atende passa a ser um prestador de serviços, mas não o
detentor da razão e de tudo o que deve – ou pode – acontecer no dia. Os
profissionais presentes devem acompanhar o processo, e comunicar/intervir no
caso de necessidade. Ainda assim, respeitando a individualidade daquela
situação e daquelas pessoas.
As equipes que fazem atendimento
a parto domiciliar planejado costumam trabalhar com contrato de prestação de
serviços. Neste documento, tudo é detalhado, lido e assinado em conjunto com a
mulher e/ou casal. Tanto o casal quanto a equipe se sentem mais seguros, e não
há obscuridades: os procedimentos e protocolos e as vontades do casal estão
claras e bem entendidas para todos os envolvidos. Com a assinatura de TODAS AS
PESSOAS, as chances de que aqueles termos sejam respeitados aumentam
consideravelmente.
Neste tipo de contrato, costumam
estar descritos e detalhados temas como:
● O protocolo de atendimento da
equipe/profissional: o perfil da gestante a ser atendida, procedimentos em caso
de complicações, como conduzir uma remoção para maternidade, recursos a serem
usados, limites do profissional
● Procedimentos com o bebê
● Intercorrências possíveis
● A responsabilidade de cada
um: mulher/casal assume parte da responsabilidade com o profissional/equipe
● As preferências da
mulher/casal
Certamente os profissionais não
estão acostumados a ouvir este tipo de sugestão das gestantes que atendem em
suas consultas. Muitos podem dizer que não há necessidade de se produzir tal
documento, bastando apenas um acordo verbal. Mas se a mulher deseja ocupar o
lugar de protagonismo do parto - que é de direito de todas as mulheres -
produzir um documento assim ajuda muito a criar as melhores condições para seu
processo de parto e seu bebê sejam respeitados.
Uma mulher grávida tem necessidade
urgente e instintiva de se sentir segura e protegida. Tal também é
verdadeiro para a situação de processo de parto, e para o pós parto. Por isso,
produzir um documento como o sugerido acima contribui para que seu sentimento
de segurança cresça. A produção, leitura conjunta e assinatura de tal documento
pode ser sentido como um ritual, onde se sacramenta que o nascimento daquela
criança é tão importante para o profissional quanto para a família. Como num
fluxo contínuo, ela relaxa e se acalma. Estas qualidades são vitais para
caminhar rumo a uma experiência de parir/nascer saudável e satisfatória, mesmo
quando não ocorre conforme o planejado.
Talia Gevaerd de Souza
Psicóloga (CRP08/15371) para
gravidez, parto e pós parto
Instrutora de Yoga e Parto Ativo
pré e pós natal
Doula
talia@centrodepartoativo.com.br/talia@partoativobrasil.com.br/f:91069673
sou super a favor da mãe poder escolher o tipo de parto q quer ,desde q essa escolha não ofereça risco para o bb
ResponderExcluirgraças a deus eu escolhi parto cesarea e a médica atendeu ,mas isso só aconteceu pq tenho convênio ,se não tivesse com certeza não poderia escolher
http://diariodaprincesaalice.blogspot.com.br/?m=1
Lindo!!!! eu amo.
ResponderExcluirBeijos
Laiz, o que acho mais bacana no Plano de Parto é que nos faz estudar, conhecer os procedimentos, as práticas obstétricas... Acabando lendo mil relatos, ficando mais sabidas e poderosas! Quando vemos... pluft! Estamos mais conectadas com o nosso corpo e bebê!
ResponderExcluirBjs enormes!