Então uns 22 anos depois, compreendo a revolta da minha mãe quando eu assistia o Chaves (já disse por aqui) era terminantemente proibido na minha casa. Falar:
Cale-se ,cale-se você me deixa louca fazia parte da proibição. Então pensei que um dia passaria por situações como essa de costumeiras arbitrariedade e
péssimo gosto escolha dos filhos, mas não imaginei que seria assim tão cedo. Fico imaginando: Quem foi o ser que ensinou pro meu filho que existe Patati Patatá?
Não fui eu.
Como ele ainda não sofre o impacto direto da publicidade (ilusão?!), até porque quase não vê televisão, e o canal dos palhaços por aqui nunca esta ligado. Minto, esses dias estava trocando de canal e vendo eles lá vendendo as mochilas do Patati Patatá pra criança no horário do programa (vender pra elas? ). Mas o fato é que meu filho conhece esses palhaços
vendedores que estão em todos os lugares. Chega numa loja de crianças tem bola, caderno, o boneco, cadeira , brinquedos, a barraquinha, o boliche e sabe-se lá o que mais, tudo com a cara dos palhaços. Pois assim dessa forma no ultimo mês foram 3 presentes dos tais palhaço por aqui.
Eu gosto de circo, não vejo graça nas piadas dos palhaços mas isso é questão de gosto. Mas o problema é que pro Nino não era um palhaço que ele estava ganhando, já era o Patatá. Como assim?
Ele ganhou um kit de boliche do incrível:
- Patáaaaa (carinha de felicidade por reconhecer o
amigo)
Pergunta: Quem ensinou isso pra ele?
Dia seguinte ele ganha o boneco que dança e canta (um saco!) e:
- Patáaaaaaaaaa
Pergunta: Quem ensinou isso pra ele?
Outro dia:
Ele ganha um pula pula do:
-Patáaaaaaaaaaaaaa
Pergunta: Quem ensinou isso pra ele?
Todas as três que compraram não conheciam o Patáaa, logo as lojas estão impregnadas de tudo desses palhaços.
De todas as opções, a que me restou foi a escola. Não achei óbvio, em vista que não acho que a escola seja um lugar pra ver TV, mas me resta apenas essa alternativa, já que com seus 19 meses ele ainda não sai sozinho e nem liga a tv escondido (ainda). E só lá na escola eu fico sem saber o que ele faz o período todo.
Nesse ano cuidei de escolher uma escola, que tivesse os princípios pedagógicos que acredito, e dessa forma que não possua TV na sala de aula, pra mim faz diferença sim, considero essa fase dele de desenvolvimento motor sem a necessidade de TV (ou ficaria no trabalho comigo, porque na frente da tv ele fica quietinho quietinho) mas acho que cada mãe tem uma preferência ou uma escolha sobre isso e sabe o que é melhor para o seu filho (sem julgar ninguém, estou falando o que espero para o Nino).
Aí vem essa: Ah deixa o Patatá! Qual o problema?
O problema é todo esse consumismo , mesmice, massificação, repetição, homogenização e incentivo a bitolação, não estou dizendo que uma criança que assiste o Patatá ficará bitolada, mas que é muito bom pra quem vende que as crianças se fixem nessas figuras para fazer suas mães (nós!!!) comprarmos. O problema é que agora sou mãe e me dou o direito de ser cri-cri (minha vez oh yeah!). O problema é que a mochila do Patatá é muito mais cara que a sem nada, e as crianças que assistem seus
ídolos querem o que seus
idolos vendem
, e nem todo mundo pode pagar a mais cara.
Sei que chegará uma hora que ele vai querer ver várias porcarias e eu estarei lá pra
encher o saco colocar limites (como fez minha mãe), e lembrar que ela tinha razão que um dia eu saberia tudinho quando tivesse filhos. Sei que o Patati Patatá é uma febre. Uma invasão no mundo das crianças. Mas ele precisa receber esse impacto publicitário assim tão cedo?
* Lembrando:Sou publicitária. Estudei marketing e ética na publicidade.
* Sou mãe (óh verdade?)- e vejo o outro lado da moeda
* Fui criança. Da época da tesoura : Eu tenho você não tem!( na verdade eu já era pré adolescente nessa fase. pula) . Não sou tão ingênua a ponto de achar que tudo isso vem de hoje.
* O Patati Patatá lá de cima pode ser trocado por : Hot Wheels, Xuxa ( sim eu tinha os discos) , Barbie, Backyardigans ou qualquer outra febre.
*Se não bastasse tive a fase do New Kids on the Block na adolescência - Eu tinha até pôster. O que indica que ainda virão vários
idolos pela frente ainda piores que Patati Patatá.
* Os apelos educacionais e emocionais das mães podem funcionar: Eu agora de detesto o Chaves.